A luz e a sombra são elementos essenciais para criar a ilusão de profundidade e tridimensionalidade em um desenho. Com toda a certeza, compreender como a luz interage com objetos e superfícies é fundamental para qualquer artista, seja ele iniciante ou avançado. Ao dominar esses conceitos, você será capaz de adicionar volume, peso e realismo às suas criações. Assim, é um fundamento importante para você que quer fazer desenhos sem linhas e mesmo para melhorar o desenho com linhas.
Quando observamos um objeto específico, é importante lembrar que ele não é apenas um conjunto de linhas ou contornos, mas sim volumes e superfícies definidos pelas mudanças de valor tonal. Essas mudanças de valor tonal são, na verdade, mudanças na forma do objeto.
Em outras palavras, quando a luz atinge um objeto, as diferentes superfícies refletem a luz de maneiras variadas, criando áreas de luz e sombra. Essas variações de tons claros e escuros revelam as curvas, ângulos e profundidade dos volumes, permitindo que percebamos o objeto como tridimensional. Portanto, ao desenhar, entender e capturar essas mudanças de valor tonal é essencial para representar com precisão as formas que vemos.
Para entender melhor esse conceito, é crucial começar a prática de sombreamento com formas básicas, como esferas, cubos e cilindros. Visto que, essas formas simples permitem que você explore como a luz se comporta em superfícies curvas e planas, e como isso afeta o contraste entre luz e sombra.
Assim, ao dominar o sombreamento de formas básicas, você estará construindo uma base sólida para lidar com objetos mais complexos. As formas complexas de um objeto podem ser decomposta em formas básicas, o que torna o processo de sombreamento muito mais compreensível. Por isso, praticar essas técnicas é essencial para qualquer desenhista que deseja capturar a profundidade e tridimensionalidade em suas criações.
Sumário
ToggleA fonte de luz
Primeiramente, a luz é a parte mais importante para entender as formas de um objeto. Quando a luz incide sobre um objeto, ela cria áreas iluminadas e áreas sombreadas, definindo a forma e as texturas (as texturas ficam mais evidentes, justamente entre a luz e a sombra). Assim sendo, a intensidade, a direção e o tipo da luz influenciam diretamente como essas sombras são projetadas.
A luz do sol se comporta de maneira diferente da luz de lâmpadas. A luz do sol costuma seguir uma única direção. Ou seja, os raios de luz do sol viajam em linha reta a partir da sua fonte. Isso porque, o sol é extremamente maior que a terra, podemos considerar que os raios de luz andam paralelamente. Em contrapartida, as luzes de lâmpadas apresentam um ponto fixo e os raios de luz vão viajar para todos os lados a partir desse ponto.
Além disso, uma única fonte de luz, como a luz solar ou uma lâmpada, geralmente cria sombras mais duras e definidas. Em contrapartida, múltiplas fontes de luz ou luzes difusas produzem sombras mais suaves e sutis.
A Importância do Valor Tonal
No contexto de luz e sombra, o termo “valor tonal” refere-se ao grau de clareza ou escuridão de uma superfície. Trabalhar com uma escala de valores tonais permite que você crie a ilusão de volume em um espaço bidimensional. Um bom entendimento de como manipular valores tonais ajudará a destacar os detalhes e a definir a atmosfera de sua obra. Os valores, no contexto da iluminação, referem-se à escala tonal que representa a variação de luz e sombra, esses valores vão de 0% de preto até 100% de preto.
De acordo com Scott Robertson (How to Render) o cérebro interpreta a tridimensionalidade em valores de cinza, a cor em si não é importante para interpretar os volumes de um objeto mesmo sem cor, é possível entender a tridimensionalidade.
Em resumo, entender e manipular os valores tonais é crucial para criar a ilusão de profundidade e volume em suas obras. Mesmo sem cor, a percepção tridimensional é alcançada através dos valores de cinza, permitindo uma interpretação clara dos volumes.
Objetos Simples
As formas geométricas tridimensionais atuam como a porta de entrada para uma compreensão profunda de luz e sombra. Ao entender como iluminar as formas básicas – esferas, cubos e cones – se estabelece uma base para compreender e analisar diferentes objetos iluminados.
No caso de uma esfera, a interação entre luz e sombra segue padrões específicos que realçam sua forma tridimensional. O cubo, por sua vez, apresenta características distintas. Suas superfícies planas e arestas definidas criam um padrão de iluminação mais angular e segmentado em comparação com a esfera.
“Não há lugar melhor para começar do que com a esfera, que parece ser a forma básica do universo” (Andrew Loomis, Successful Drawing).
O cone e o cilindro, sendo formas que combinam características de formas planas e curvas, oferecem um estudo interessante, combinando os dois conceitos.
Sombreamento de Esferas: Entendendo a Luz e Sombra em Formas Curvas
A esfera é uma das formas mais fundamentais e, ao mesmo tempo, desafiadoras para sombrear devido à sua superfície curva e suave. Ela oferece uma excelente oportunidade para entender como a luz interage com formas tridimensionais sem arestas definidas, o que é essencial para a criação de volumes realistas em desenhos.
Quando a luz incide sobre uma esfera, a distribuição das sombras segue um padrão específico que ajuda a revelar a tridimensionalidade do objeto. Diferente de um cubo, onde as sombras são delimitadas por bordas claras, a esfera apresenta uma transição suave entre as áreas de luz e sombra, criando um gradiente de tons que é crucial para a percepção do volume.
Terminologias Essenciais no Sombreamento de Esferas
Para sombrear uma esfera com precisão, é importante entender algumas terminologias específicas que descrevem as diferentes áreas de luz e sombra:
Luz plena – esta é a área do objeto voltada para a luz.
Luz especular (highlight) – é causado pela reflexão direta da fonte luminosa, por causa disso, essa luz depende de onde vai estar os olhos do observador. É o ponto mais brilhante de uma superfície. De acordo com Andrew Loomis, a luz especular é a distância mais curta da superfície até a fonte de luz.
Luz refletida – A luz refletida é a parte da luz que, ao incidir em uma superfície, não é absorvida, mas sim redirecionada para outras partes da cena.
Luz de recorte – Não é uma luz que vai ocorrer em todas as situações. Essa luz vem de uma outra fonte de luz, é uma técnica para separar o objeto do fundo, destacando o objeto.
Meio-tom – representa uma transição gradual de luz para sombra, exibindo uma tonalidade que não é nem completamente clara nem completamente escura.
Terminator – é a borda que divide a parte iluminada e a parte na sombra de um objeto. É o ponto onde os raios de luz são tangentes com a superfície da esfera, abaixo disso a luz não consegue alcançar.
Sombra própria – conhecida como “core shadow” é a área mais escura de um objeto, geralmente localizada próxima à transição entre a luz e a sombra.
Sombra de oclusão – ocorre quando dois objetos se encostam. É um tipo específico de sombra que ocorre em áreas onde a luz tem dificuldade para alcançar devido à proximidade de superfícies ou objetos.
Sombra projetada – Sombra que ocorre pela obstrução da luz pelo objeto.
Sombreamento de Cubos: 1-2-3 read
Para entender a iluminação de um cubo, Scott Robertson e Thomas Bertling, em “How to Render“, introduzem o conceito de “1-2-3 read” (leitura 1-2-3). Esse conceito básico sugere manter três valores tonais bem definidos para proporcionar uma leitura clara do objeto. Como no mundo real não existem contornos ou linhas visíveis, as diferenças marcantes de valor entre os três lados aparentes do cubo ajudam o cérebro a perceber melhor a tridimensionalidade do objeto.
Lado iluminado (1): a face do cubo que está voltada para a fonte de luz. Essa área receberá a maior quantidade de luz e, portanto, terá o valor mais claro.
Transição (2): A área de transição é a região que está entre a luz direta e a sombra. O valor nesta área será mais intermediário.
Lado na sombra (3): Este é o lado oposto à fonte de luz, que recebe menos ou nenhuma luz direta. Como resultado, terá o valor mais escuro, representando a área onde a luz não atinge diretamente.
Sombreamento de Cilindros
O cilindro, assim como a esfera, apresenta a mesma complexidade de sombras. Essa complexidade vem da sua forma tridimensional, que inclui superfícies curvas e planas. O topo do cilindro vai apresentar a característica dos cubos, com valores mais lineares. Sobre o assunto, Loomis ressalta que somente superfícies planas podem ser iluminadas de maneira uniforme, enquanto formas curvas apresentam uma gradação de tons.
Sombrear formas básicas, como esferas, cubos e cilindros, permite compreender os princípios fundamentais de como a luz interage com diferentes superfícies, aprimora a sensibilidade tonal e a transição para formas mais complexas, como personagens, torna-se mais natural.
Conclusão
Em resumo, ao sombrear formas básicas, é possível não apenas aprender os princípios fundamentais da luz e sombra, mas também desenvolver uma base sólida que facilita a transição para formas mais complexas. A compreensão de termos específicos e a aplicação desses conceitos em diferentes contextos artísticos são fundamentais para criar representações visualmente convincentes e tridimensionais.