O conhecimento de perspectiva é uma das chaves para o entendimento do desenho. Muitos que se interessam por aprender a desenhar encontram dificuldades em compreender esse fundamento ou até se sentem intimidados. Entretanto, ao dominar os conceitos básicos de perspectiva, é possível representar a tridimensionalidade de forma convincente, tornando o processo mais acessível e menos intimidador.
Sumário
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O termo “observador” refere-se ao ponto de vista a partir do qual a cena ou objeto é visualizado. Compreender a posição do observador é essencial para a percepção geral da cena em termos de profundidade e dimensão. Imagine-se sendo o observador ao desenhar. Isso ajudará a definir como os elementos da cena serão organizados e como a perspectiva será aplicada.
Linha do horizonte
A linha do horizonte é uma linha imaginária que separa o céu da terra na cena. Sua posição influencia diretamente a altura dos objetos e a perspectiva geral da composição.
Mesmo que prédios, montanhas ou outros elementos bloqueiem a visão do horizonte, ele continua existindo como uma linha contínua. A linha do horizonte é fundamental para estabelecer o espaço tridimensional no seu desenho.
Linha do horizonte = Nível dos olhos
O “nível dos olhos” refere-se à altura dos olhos do observador em relação ao objeto ou cena que está sendo desenhada. Podemos pensar no nível dos olhos como um controle sobre a linha do horizonte. Por exemplo, se o observador fosse um ratinho, ele veria a cena de uma maneira completamente diferente de um gigante ou de alguém em um helicóptero. Controlando o nível dos olhos, você controla a composição e a sensação de escala na cena.
Por exemplo, uma simples cadeira vista por um ser pequeno, como um cachorro:
Perceba como a linha do horizonte está baixa, e como vemos mais a área de cima da linha do horizonte, e logo vemos os objetos como se estivéssemos abaixo deles. Em contrapartida, vamos comparar com a visão de uma criança:
Notou a diferença? Entende como apenas a maneira como escolhemos a linha do horizonte vai mudar totalmente a maneira como a cena é percebida?
Nesse contexto, Norling, em Perspective Made Easy, divide os objetos em duas classes: aqueles que estão acima e os que estão abaixo do nível dos olhos. Essa distinção é crucial porque afeta diretamente como percebemos e desenhamos os objetos em perspectiva. Uma vez que os objetos acima da linha do horizonte, vemos mais a parte de baixo, em contraste com objetos que estão abaixo do nível dos olhos.
Entender como o nível dos olhos impacta a perspectiva de uma cena é uma das partes mais importantes ao criar um desenho com profundidade.
Diminuição e Sobreposição
O princípio de diminuição é simples: à medida que os objetos se afastam do observador, eles parecem menores. Esse efeito é uma manifestação direta da perspectiva e é essencial para criar a ilusão de profundidade.
A sobreposição, por sua vez, ocorre quando um objeto é desenhado à frente de outro, bloqueando parcialmente sua visão. Esse é um dos métodos mais diretos e intuitivos para sugerir profundidade em uma composição. No entanto, é importante evitar tangentes, que ocorrem quando as linhas de contorno de dois objetos se tocam ou quase se tocam, criando confusão visual.
A aplicação cuidadosa desses conceitos, em conjunto com o uso adequado de peso de linha, pode elevar significativamente a qualidade do seu desenho.
Convergência
A convergência é um fenômeno perceptual onde linhas ou arestas de objetos que são, na realidade, paralelas parecem convergir à medida que se afastam do observador. Um exemplo clássico é observar trilhos de trem: ao olhar para o horizonte, os trilhos parecem se encontrar em um ponto distante, conhecido como ponto de fuga (vanishing point).
Esse conceito é essencial para criar desenhos tridimensionais convincentes. Ao desenhar a partir da imaginação, é importante lembrar que linhas paralelas sempre convergem para o mesmo ponto de fuga.
Dominar a convergência permite criar cenários e objetos com uma sensação realista de profundidade, mesmo sem a necessidade de grids complexos.
Conclusão
Compreender os conceitos básicos de perspectiva, é o primeiro passo para dominar o desenho tridimensional. Esses fundamentos servem como a base para criar composições realistas e envolventes, que capturam a profundidade e a dimensão do mundo ao nosso redor.
Nos próximos artigos, exploraremos como esses conceitos se aplicam em diferentes tipos de perspectiva. Começaremos com a perspectiva de um ponto de fuga, onde todas as linhas convergem para um único ponto no horizonte, ideal para representar cenas frontais e interiores. Em seguida, discutiremos a perspectiva de dois pontos de fuga, que permite desenhar objetos de ângulos variados, dando uma sensação mais dinâmica e realista à composição. Finalmente, abordaremos a perspectiva de três pontos de fuga, essencial para capturar vistas dramáticas e ângulos extremos.
Entender e aplicar essas diferentes formas de perspectiva ampliará ainda mais suas habilidades no desenho, permitindo criar obras com maior complexidade e realismo, além de ajudar no entendimento de manipulação de formas.